segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Sem sufocamentos

       Tem uns dias, talvez meses, que eu esteja pensando nisso. Existe uma pressão muito grande para eu ir em Salvador. Final de ano então... Férias. Todos perguntam e criam expectativas. Desde que a Malu nasceu, não passamos final de ano lá em Salvador. Aliás, antes disso... Porque antes eu estava grávida e também fiquei sem pegar avião porque tenho pânico disso.

       Se eu sinto saudades? Sim. Sinto. Não do lugar, especificamente. Mas das pessoas. Da minha família, dos meus amigos... Estou doida pra ir ver minha avó, minha irmã que já está enorme e tem tempo que não a vejo... Nasceu a filhinha de uma grande amiga minha e eu quero muito ir lá conhecê-la! Mas final de ano e férias são coisas complicadas. Pelo dinheiro que é mais curto, pela super lotação em aeroportos e na própria cidade, pelo deslocamento com a Malu, mas, principalmente, por não conseguirmos descansar.
       A viagem já é bem estressante. Imagino agora, a Malu com 2 anos, no pico de sua atividade energética, tendo que ficar sentada 2h30 no avião... No meu colo. Difícil! E eu não levanto nem com reza em um vôo. Chegando em Salvador, todos querem nos ver, ver a Malu e nós também queremos, claro. O tempo sempre parece muito curto. Temos que marcar cuidadosamente os horários com os grupos de amigos e os lugares, já pensando em sair de um e ir encontrar outro grupo, ou alguém da família. Acabamos  não curtindo direito os lugares, muito menos as praias. Das últimas vezes que fomos à Salvador o trânsito estava infernal! O calor idem. Passamos muito tempo dentro do carro, buscando caminhos alternativos para conseguir chegar nos lugares. A cidade inteira mudou. Eu não consigo mais andar sozinha e nem guiar o Victor. Preciso de GPS o tempo inteiro e tem que estar atualizado.
       Outros pensamentos são: eu quero ir em outros lugares também. Quero conhecer lugares novos. Quero ir com a minha família visitar amigos que moram em Sergipe que sentimos saudades. Quero ir pra um Hotel fazenda sem que ninguém fique chateado por eu ter escolhido isso à ir para Salvador. Eu sempre fui muito livre e, de certa forma, desgarrada. Saí de casa para morar em São Paulo com 21 anos. Estou fora de Salvador há 10 anos... E nesses 10 anos eu só vou à Salvador. Sinto a necessidade de ir em outros lugares. Mas algumas pessoas não entendem. O julgamento acontece. Inevitável. Mas que bom que eu não ligo. Vou começar a programar outras viagens. A ida à Salvador é inevitável e eu adoro quando acontece, mas de forma leve. Quando dá e quando queremos ir. Isso sim é uma ótima viagem!
       Outro ponto importante é que férias combina com Niterói. Aqui não pegamos trânsito; vamos à praia muito cedo, voltamos quando todos estão indo; moramos perto de tudo: de parques, praia, mercados, shoppings, restaurantes, lanchonetes... E temos a NOSSA casa, o nosso cantinho com os brinquedos e a bagunça da Malu, com a caminha da Amy, com as nossas camas, a nossa rede e o nosso conforto de horários, comidas, feiras, filmes, etc. Por que parece ser tão ruim ficar em casa nas férias? Se amamos isso aqui e é o lugar em que, de fato, descansamos? (Na foto: Campo São Bento)

   
      Não precisamos de muito para sermos felizes. Amigos e família são para sempre. Perto ou longe, mas sempre próximo de coração. A escolha que eu fiz em morar longe trouxe com ela a saudade e eu convivo muito bem com ela. Com boas lembranças e uma vontade leve de estar sempre por perto. Assim que deve ser.

domingo, 1 de janeiro de 2017

Sobre adoção

       Eu já contei na primeira publicação que sou adotada. Se eu puder dar uma dica (valiosíssima) para pais que pensam em adotar ou adotaram uma criança pequena, eu diria para que conte a verdade a elas. Sempre a verdade. Sobre tudo. Com amor e carinho, tudo funciona muito bem. Se acontecer alguma coisa que deixe a criança triste ou irritada, o amor supera. Nunca esconda a verdade da criança! Porque um dia ela vai descobrir e vai ser muito ruim.
       Digo isso porque foi o que aconteceu comigo. Vivi isso na pele. Eu desconfiava que era adotada desde pequena quando, na escola, a professora pediu uma cópia da certidão de nascimento para fazermos um trabalho sobre o senso demográfico ou algo do tipo. E na minha vinha escrito PR e não BA. Eu devia ter uns 10 anos. Não questionei isso e também não me explicaram. Fui levando, pesquisando... Eu era a melhor aluna em biologia, principalmente em genética (até hoje sei tudo de genética), porque foi quando comecei a perceber que estava certa. Mas ainda assim, a dúvida.
       Fiquei na dúvida durante anos! Até que um dia eu tomei coragem e perguntei ao meu pai. Descobri a verdade, de fato, quando eu tinha 27 anos. Não tem muito tempo isso. No primeiro momento fiquei emocionada, senti gratidão pelo ato da adoção, fiquei aliviada e feliz por ter "descoberto" e não existir mais segredos. Mas depois... Depois me bateu um sentimento tão ruim. Na teoria a adoção é linda e a família é quem cria. Também penso isso. Mas na prática, quando você sente isso, a "traição"... Aquele negócio de que todos já sabiam, menos eu. Por que? Por que esconder? E minha família? E meus primos? Não são meus primos... Meus avós... Foi um momento difícil. Muitos questionamentos, muitas dúvidas, muitos sentimentos confusos. Muitas conversas com muitas pessoas que fizeram/fazem parte de minha vida.
      Depois foi passando. Foi doendo menos. Foi acalmando e voltando a ser "a teoria". Do bonito, da gratidão, da família é quem cria e somos nós que escolhemos. O tempo cura tudo. Só o tempo mesmo! Mas se você pensa em adotar, pense nisso. Quanto antes, melhor e mais natural.

Nem sei por onde começar... De repente, pelo começo!

       Dizem que antes de morrer devemos fazer algumas coisas, entre elas, escrever um livro. Eu já tentei duas vezes e não foi. Então criei um blog. Para escrever tudo o que der na telha e algumas histórias... A ideia de escrever um livro surgiu quando percebi que a minha vida daria uma boa trilogia. Não sei em qual categoria iria se encaixar, mas acredito que seria interessante. rs. Já tentei escrever duas vezes, mas depois desisti. Acho que o blog torna tudo mais leve... Ou não.
       Começando do começo; eu nasci em São José dos Pinhais, no Paraná, próximo à Curitiba. Não me lembro como é o lugar! Ainda vou lá conhecer... Mas fui para Salvador (Bahia) com 2 meses de nascida. Fui escolhida e adotada pelos meus pais. Eu era uma bebê gordinha, branquela e loirinha e acho que nos escolhemos. Passei a minha vida em Salvador, então me considero baiana. Tenho tudo de lá... O sotaque, o jeito, o borogodó, a energia e não! Não sou preguiçosa. Sou determinada, corajosa e enérgica. Tenho milhares de defeitos! Muitos mesmo! Mas esses vou contando aos poucos.        Hoje eu tenho 31 anos. Já passei da crise dos 30. Acho que passei dela quando a minha filha nasceu (eu tinha 29 anos) e então me senti completa. Sempre quis ter filho até os 30 anos e acho que o fato de não ter tido, me deixou tensa. Quando, finalmente, aconteceu, eu me senti plena.
       Sou publicitária, gestora em Marketing empresarial, fotógrafa e futura fisioterapeuta (estudante). Agora eu realmente me encontrei em uma profissão. Amo a publicidade e o Marketing, mas me senti frustrada depois de alguns anos e, pra variar, não tive medo do recomeço. Eu adoro recomeços... Os receios, o frio na barriga e o encontro! Eu acertei. Estou no final da faculdade e com a certeza de que eu escolhi a profissão e ela me escolheu. Ansiosa por começar a atender!
       Sou mãe em período integral! Me encontrei na maternidade também. Sempre foi meu maior sonho e eu estou realizando ele a cada dia que passo com a Malu (minha pequena)! Desde o parto, a amamentação, os pitacos, os desafios, o aprendizado, a paciência, as noites em claro... até as brincadeiras, as festas, as histórias, as comidinhas, os desenhos, os passeios e os sorrisos! Ahhhh os sorrisos! E os abraços e os beijos! Isso é tudo! Me reenergiza! É calmante e alucinógeno ao mesmo tempo! Isso tudo junto ao papai da Malu (meu digníssimo) e à nossa cachorrinha Amy. Família completa... Ou quase.
       Esse foi só um começo... Uma apresentação. Sejam bem vindos! Agora vamos às histórias... Estão sentados?